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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

para uma moça que queria se reinventar

disponível Calaça:



para se mudar o passo
muda-se primeiro a sombra
em uma parede virgem de lagartixa

espera-se a primeira lua
nova bater na parede
aí dá-se o primeiro passo
(sempre com o pé esquerdo)
ao contrário da sombra

é na parede que o passo se alinha
à nova cadência da alma.

o nome vai se ajustando
num parafuso de rosca francesa
para aproveitar o perfume de uma estrela

passo e nome mudados,
dê um tempo com eles
num quarador com anil


é só para não ficar resquício de um ex amor
mal lavado.

A Saga de Zé Tembrino e o Orégano Cor de Rosa

disponível Calaça:


. . .





Zé Tembrino
o mensageiro da morte
o estupor coisa ruim satanás

caboclo do sertão
criado no leite de cabra
matava feito a peste cabeluda

inventou de fumar
orégano cânhamo prensado
para dançar a dança da chuva

ai meu amigo
o hômi ficou doidão
no juízo acendeu várias centelhas

viu borboletas
fingindo serem flores
num beiral de uma calçada

cuspiu rosas vermelhas
com espinhos
na cara de Barrabás

viu o sol na curvatura
voando
no espinhaço de uma vaca

correu vaguejada
laçou boi
no lombo de um cavalo marinho

em putaria com medusas
nas margens do velho chico
foi visto nuzinho

colou estrelas
de plástico
na asa de seu pinico


Calaça

estrelas que capturou
das vezes que foi ao espaço
em cima de um trator

depois daquele dia
nunca mais o hômi
prestou

dizem que deixou
até de ser matador
hoje não mata nem galinha...

foi só fumar
o orégano cor de rosa
que o capiroto amansou

credo, cruz, ave maria!

Oferenda

Oferenda

Ele
na partida
carrega nos olhos a morada
não pôde ser árvore
foi ser navio

A casa
que já coagulava
amarga a dor da solidão
no brio.

Netuno
deus das tempestades
bradou nas ondas do mar:

- vem escravo de baco!
Oceano,
o pai de todos os seres
te espera


Oceano
de lança em punho,
filho do Urano
agradece aos outros deuses
o sacrifício posto
sobre o fogo de seu altar

Ele
num dia sem orvalho
do pó
mistura-se ao sal do mar.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Pássaros


asas imóveis
voam enfeitiçadas

contra a lua movediça

levam em silêncio

o vazio negro da cobiça


hai kuase



línguas em chamas
enquanto sombras
intimas se tocam

Sombra



<...

eu vi o olhar na brisa

da cara seca da fome

era natal na aldeia

era natal lá no céu

aquela sombra desnuda
ansiava a face da luz...


era um inferno de fome

daquela fome imunda

catando o lixo do mundo

comendo o lixo no ato

passo a passo passa

aquela sombra desnuda
ansiava a face da luz...

Criaturas Bizarras do Fundo do Mar

<.

novamente vamos ser governados
por outras criaturas do mar
da turma do Lula ou do Serra
não temos como escapar

a Marina sereia rouca
não encanta mais os homens
se Lula molusco não a degustou
nem a maresia come

Traíra vazada pela Receita
Dilma sobe na pesquisa comparada
vai superando Serra o serrador
até na sintaxe mais deformada

lá no congresso a corja de tubarões
afiam os dentes para do polvo ao robalo
rouba-los sempre muito mais

nesse onda de democracia
o povo bóia feito baiacu morto ao mar...

pra frente pra trás
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