Aproveitando-se de minha imobilidade
ele chega esgueirando-se no meu sonho
sinto seu hálito velho em minha face
o fedor de sua ossatura fria e caquética.
A morte aproxima-se nem foice nem cutelo
esse anjo é moderno possui serra-elétrica
a serra geme lambendo e roçando o pescoço,
o gemido da serra urra em meus ouvidos
suas asas metálicas rufam uma sinfonia fúnebre...
Meu anjo da morte tem pressa de serra-elétrica:
- Levo-te agora!
em meio a minha agonia, ele fatia-me em êxtase
até que eu não mais respire, mesmo em sonhos
algumas noites a morte me faz dela...