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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Respondendo a Neruda

Por que os imensos aviões
não passeiam com seus filhos?


Por viverem
ocupadíssimos com o vento.

Qual o pássaro amarelo
que enche o ninho de limões?


A pipa de jacaré,
nas férias

Por que não ensinam a tirar
mel do sol aos helicópteros?


os helicópteros
resfriariam o sol

Onde deixou a lua cheia
seu noturno saco de farinha?


Na esquina
de uma sexta feira

Se matei e não me dei conta
a quem perguntar a hora?


A uma sen'hora
marcada para matar

De onde tira tantas folhas
a primavera da frança?


Do livro da natureza
da Revolução Francesa

Onde pode viver um cego
a quem persegue as abelhas?


No eco das cavernas
dos morcegos

Se terminar o amarelo
com que faremos o pão?


Com o fermento
da esperança

Quantas igrejas tem o céu?

1% das trilhões
que habitam o inferno

Por que se suicidam as folhas
quando se sentem amarelas?


Para não morrerem
podres

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

As Cores do Silencio


"Não haverá borboletas se a vida não passar
por longas e silenciosas metamorfoses. Rubem Alves

"
.





Que vivam sempre em mim

as borboletas
que revoluteam
nos campos abertos
e que no rufar das asas
deslizem surfando no ar
misturando as cores na brisa

Que vivam sempre em mim

as borboletas
que ao som dos movimentos
dancem a musica das cores
mastigando as horas
passadas nos perfumes das flores

Que vivam sempre em mim
as cores do silêncio dessa metamorfose

domingo, 24 de janeiro de 2010

Veneno Implacável

a inveja é a última tinta
do tumor nas vísceras enraizadas
da aldeia

não há safra num solo doente
onde se plantou a semente
todos os dias no pão a inveja é recheio
e miolo

para o fogo da pedra do altar
as labaredas de mil bestas famintas
levam de mãos dadas

a inveja deixa os homens sem iluminação
para o caminho

com a alma insegura feito luz de velas ao vento
a subida fica espinhosa
não há paz de penhasco
feras e serpentes tocaiam
no vento dos seus calcanhares...