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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Cantei Felicidade e Feliz Sou Brinquedo





Felicidade 
reside e desfila
diante dos meus olhos
nas lagoas salobras
dos sururus de capotes

nas aguas salgadas
do sol Multicolorido
sobre as nuvens doce
 das canas de açúcar                  
 e fina maresia
do mar de Maceió.

É das rendas de bilros
filé, redendê , labirinto
e ponto-de-cruz
a luz que veste felicidade
para as noites de magias
e bebedeira do pontal.

Felicidade mora aqui
 pertinho de mim
comecei com um - olá, como vai?
hoje já não vou a padaria sem ela...


Bento Calaça

sábado, 18 de dezembro de 2010

ainda que os olhos finjam não vê mágica



ainda que os olhos finjam
não ver mágica

as cores são unica para nós
com suas tonalidades
cada um vê seu verde de mar
ou azul quem sabe...
eu fico imaginado o arco-íris
que o outro vê...
tem seu DNA cada olhar
cada qual na sua
vida coloral
a fresta por onde olhamos
nunca será a real.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Inesgotável


inesgotável


Medida nenhuma teria condições

de medir, pesar, ou avaliar, o amor

de uma mãe por seu filho...

filho algum tem a noção do tesouro

que traz consigo, enquanto sua mãe

ainda viva estiver.

se pudéssemos despejar, derramar

esse amor no espaço de um oceano

infinito, mesmo assim, ainda não caberia.

Mas a essência desse amor é perfume
para sempre num coração de um filho.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Os Estatutos do Homem - Thiago de Mello



Artigo I

Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo único:
O homem, confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X
Fica permitido a qualquer pessoa,
qualquer hora da vida,
uso do traje branco.

Artigo XI
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

depois das horas colibris...

depois das horas colibris


Teria um cuidado
de beija flor
se a tua boca
um dia
fosse beijar
com o mel
de tua vontade
em meus lábios
na luz
laranja do sol
sentiria o perfume
dos teus
líquidos desejos.
Depois disso
agonia em galopes
em dois corpos
na danação
varreria os quintos
dos infernos
por sete dias
e sete noites pagãs.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

sendo eu Chef Gourmet




O Homem não nasce da fome mas do apetite" Gaston Bachelard ...


... eu faria um enorme arvore de natal
de goiabada e queijo gorgonzola
em cada praça desse país

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Apascentemos Nós



 Perturba-me
do coxis até
o pescoço

há brilho
nessa maldade
com vontade
de morder

que camomila
nenhuma passa.

Um do outro
apascentemos
nossos demônios
em alvoroço

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Mona

Mona



esse sol

no teu

sorriso

e tão

bão

para

minha pele

que nem

uso

Andiroba

Pré e Pós Sol ...

Revelações do Juízo Final


<
. . .

O sol rachado como uma ferida radioativa fere
o planeta fornalha o odor de um queijo podre
a massa queima sua pele na carne viva de pus
frutas mofadas perdem as cores e apodrecem

Astros desabam em chuvas de arco íris em fogo
pesticidas fungicidas e bombas de gás mostarda
feitos flores de graxa com seus espinhos de aço
do ar caindo no solo em húmus sebento e nodoso

O mar esponjoso em ondas de lama dissolve-se
peixes agonizam nos esgotos a céu aberto das ruas
gaivotas e albatrozes enegrecidos caem dos céus

Na atmosfera doente paira uma poeira de urânio
nuvens pesadas e virulentas como entulhos desabam
enquanto alguns olhos rastejam o caos no ar da noite

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Segunda - feira Surreal




Acho que o nada que sou me agrada
tanto que eu nem limpo a graxa
me levanto sorrindo dos meus tombos

se um sonho não dá certo
logo pinto um pesadelo de azul
sigo humanamente em suaves prestações

sempre que ando pelo meio fio, manco
de uma das pernas dependendo da direção.
Será que é tempo de me aposentar
ou entrar de beneficio pelo INSS?

Mas que nada menino!!
eu tenho é esperanças no presente. Menos
na Segunda- Feira... 
esse dia foi feito
para lamber as feridas, remoer os erros
praticar acupuntura no cérebro ressecado
escoar a cerveja barata na horta de hortelã.

Na Segunda doí todos os meus pensamentos
desse dia só quero o sol descortinado!

domingo, 17 de outubro de 2010

Lembranças Fatiadas


Não se via um astro
no mínimo
estrela de nêutrons
quase um caga-lume
vagabundo.


Infeitiçado pelas bruxas
que voavam
em vassouras de alumínio
com cachinhos caracóis
descia a ladeira dos prazeres
em cima de um carrinho
ralando os dedos nas curvas
para controlar as rodas de rolimãs. 


Era bicho solto safo maloqueiro do Recife
levado por uma inocência branca
ladeira a baixo.


algumas tardes
enquanto os helicópteros
resfriavam o sol
ocupadíssimo com o vento
ele empinava sua pipa de jacaré.
com o fermento da esperança

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

para uma moça que queria se reinventar

disponível Calaça:



para se mudar o passo
muda-se primeiro a sombra
em uma parede virgem de lagartixa

espera-se a primeira lua
nova bater na parede
aí dá-se o primeiro passo
(sempre com o pé esquerdo)
ao contrário da sombra

é na parede que o passo se alinha
à nova cadência da alma.

o nome vai se ajustando
num parafuso de rosca francesa
para aproveitar o perfume de uma estrela

passo e nome mudados,
dê um tempo com eles
num quarador com anil


é só para não ficar resquício de um ex amor
mal lavado.

A Saga de Zé Tembrino e o Orégano Cor de Rosa

disponível Calaça:


. . .





Zé Tembrino
o mensageiro da morte
o estupor coisa ruim satanás

caboclo do sertão
criado no leite de cabra
matava feito a peste cabeluda

inventou de fumar
orégano cânhamo prensado
para dançar a dança da chuva

ai meu amigo
o hômi ficou doidão
no juízo acendeu várias centelhas

viu borboletas
fingindo serem flores
num beiral de uma calçada

cuspiu rosas vermelhas
com espinhos
na cara de Barrabás

viu o sol na curvatura
voando
no espinhaço de uma vaca

correu vaguejada
laçou boi
no lombo de um cavalo marinho

em putaria com medusas
nas margens do velho chico
foi visto nuzinho

colou estrelas
de plástico
na asa de seu pinico


Calaça

estrelas que capturou
das vezes que foi ao espaço
em cima de um trator

depois daquele dia
nunca mais o hômi
prestou

dizem que deixou
até de ser matador
hoje não mata nem galinha...

foi só fumar
o orégano cor de rosa
que o capiroto amansou

credo, cruz, ave maria!

Oferenda

Oferenda

Ele
na partida
carrega nos olhos a morada
não pôde ser árvore
foi ser navio

A casa
que já coagulava
amarga a dor da solidão
no brio.

Netuno
deus das tempestades
bradou nas ondas do mar:

- vem escravo de baco!
Oceano,
o pai de todos os seres
te espera


Oceano
de lança em punho,
filho do Urano
agradece aos outros deuses
o sacrifício posto
sobre o fogo de seu altar

Ele
num dia sem orvalho
do pó
mistura-se ao sal do mar.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Pássaros


asas imóveis
voam enfeitiçadas

contra a lua movediça

levam em silêncio

o vazio negro da cobiça


hai kuase



línguas em chamas
enquanto sombras
intimas se tocam

Sombra



<...

eu vi o olhar na brisa

da cara seca da fome

era natal na aldeia

era natal lá no céu

aquela sombra desnuda
ansiava a face da luz...


era um inferno de fome

daquela fome imunda

catando o lixo do mundo

comendo o lixo no ato

passo a passo passa

aquela sombra desnuda
ansiava a face da luz...

Criaturas Bizarras do Fundo do Mar

<.

novamente vamos ser governados
por outras criaturas do mar
da turma do Lula ou do Serra
não temos como escapar

a Marina sereia rouca
não encanta mais os homens
se Lula molusco não a degustou
nem a maresia come

Traíra vazada pela Receita
Dilma sobe na pesquisa comparada
vai superando Serra o serrador
até na sintaxe mais deformada

lá no congresso a corja de tubarões
afiam os dentes para do polvo ao robalo
rouba-los sempre muito mais

nesse onda de democracia
o povo bóia feito baiacu morto ao mar...

pra frente pra trás
pra frente pra trás
pra frente pra trás

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Desejo


. . .


não ter mais travesseiros pálidos
e sim leopardo á espreita em labirintos
garras feras e feridas só para o querer

nas tuas crateras sentir o fogo da erupção
com vinho nos lábios sugar seus seios quentes
deixar escorrer pelas fendas lavas vulcânicas
para depois dos corpos em terremotos
juntar os escombros e recomeçar...



N.Versão


sábado, 7 de agosto de 2010

Vida Oxidada

Cega e surda Juventude
comida de traças em transe
lâmina doce suicida em chamas
fazia dos meus dias fogo corredor

quando tudo não fazia sentido
a vida tinha cores e sabor
a bofetada era minha droga
para amar as mulheres vãs

era um inferno meu paraíso
amava com um ódio do cão
sangue jorrava em cada pancada
a febre do amor era o domínio.

o tempo quebrou nas junturas dos ossos
enferrujando o desejo oxidando meus sonhos...



N.Versão

Insana





Cega e surda Juventude
comida de traças em transe
lâmina doce suicida em chamas
fazia dos meus dias fogo corredor

quando tudo não fazia sentido
a vida tinha cores e sabor
a bofetada era minha droga
para amar as mulheres vãs

era um inferno meu paraíso
amava com um ódio do cão
sangue jorrava em cada pancada
a febre do amor era o domínio.

o tempo quebrou nas junturas dos ossos
enferrujando o desejo oxidando meus sonhos...



N.Versão


quinta-feira, 5 de agosto de 2010

R O S A



<.

. . .

Guardiã das palavras
após a viagem das folhas
volta a dormir em capítulo


Anjo Do Pé Torto









Rei das gandaias de Londres
poeta revolucionário dos poemas libertários

 dos diversos
versos imersos fecundos no vinho bebido
sorvido no crânio do mundo.

Amou as mulheres como ninguém
das belas as feias. Foi baco, no balacobaco
com homens, fez suruba também.

 mulheres foram a sua perdição
de Augusta sua meia irmã 

 nasceu um filho do fruto proibido.
 Castigado, banido, proscrito da sociedade.


Morreu de febre de liberdade
morto, foi imitado, festejado, desprezado. Salve
anjo do pé torto, George Lord Byron!





N.Versão



domingo, 18 de julho de 2010

O Anjo da Serra-Életrica


Aproveitando-se de minha imobilidade
ele chega esgueirando-se no meu sonho
sinto seu hálito velho em minha face
o fedor de sua ossatura fria e caquética.

A morte aproxima-se nem foice nem cutelo
esse anjo é moderno possui serra-elétrica
a serra geme lambendo e roçando o pescoço,
o gemido da serra urra em meus ouvidos

suas asas metálicas rufam uma sinfonia fúnebre...

Meu anjo da morte tem pressa de serra-elétrica:
- Levo-te agora!

em meio a minha agonia, ele fatia-me em êxtase
até que eu não mais respire, mesmo em sonhos

algumas noites a morte me faz dela...

terça-feira, 8 de junho de 2010

O Último Enredo De Chico Chapéu



Cerrou
os olhos ontem depois de uma roda de samba , o poeta
chiquinho, conhecido pela alcunha de chico chapéu.
o bamba do samba da vela era cobra criada porreta,
jovem ainda vistoso, maciço de poesia, um bom menestrel.
Chico
tinha aquele andar de onça mansa suçuarana,
um gingado dançante de asas moles, mas um porte bacana.
ainda ontem o tinha visto num barzinho, na esquina do molejo
disse olá para ele e toma-mos uma branquinha com torresmo.
No
morro da malagueta, hoje a dor é mais ardida e voraz
no meio da multidão, por entre acenos e lenços brancos,
escorregava o féretro do poeta Francisco da Silva Ferraz.
Foi-se
o Chico com seu chapéu e sua sombra incandescente,
iluminado. O nosso faquir africano sambou, brincou e foi brinquedo.
ao repique da bateria, o morro cantou seu último samba enredo

Cris'ança



sapeca era
a cara da traqui
nagem com tranças
ao vento
que
brando louças

rasgando cortinas
arrepi
ando
a lã
do gato

embo
lando
o cão no chão

narcisos corações de espelhos




...
projetam labirintos
de planos
em narcisos corações
de espelhos
enxergam-se um
nos olhos do outro

em vão vazios
destilam suas mágoas
ensopadas de egos
tecem suas teias
nas intrigas dos bares
a vida segue torta...

sábado, 29 de maio de 2010

FIM DE FESTA



Imperceptível no meio da multidão
ando descartável feito coisa.

No fluxo dos comuns sou mais um
nesse momento as cicatrizes
do misantropo que sou me doí
na memória das palavras.

São caminhos sufocantes de andar
contém o banal a mesma estrada...

cravado farpado na dor
esses dias tão repetidos
me agarram pelos cabelos
encharcando-me na mesmice

a mim, resta-me as doses
maciças que ainda tenho
de bocetas na praça do bom fim.

A Esperança



Tão longa é a espera
da nova moça balzaquiana
que zombeteiro
primeiro chega
o sol na fresta
do seu destino

ortóptera saltadora
a esperança daquela moça
gotejava sol a pino

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Pavones Literários



Ciscam labirintos
de teses
em narciso terreno
galináceo

enxergam-se
na crista da onda

em terreiros vazios
de leitores
destilam suas mágoas
ensopadas na titica

cravam seus esporões
em batalhas literárias

tenho pavor
das penas desses pavones.

Porcelana é o Silêncio do Pira-Iauara

Lá fora há um mistério
varrendo as margens do ribeirinho
mãos e pétalas com seu perfume


Vez por outra um boto cor de rosa
sai das aguas para fornicar com donzelas
de sombras virgens
são nesses dias que Pedro machado

rezando em terço estrelar
cheirando a sândalo
abre as portas do silêncio em dança
para as orgias do pira-iauara...

Rosa



. . .

Guardiã das palavras
após a viagem das folhas
volta a dormir em capítulo


Embolada Para Lima Trindade

<.)

é Lima lima limão
é lima limão e lima
gelo mel e alcatrão
das terras de Salvador ♫♫

Deus o guarde meu senhor
com a benção de São João ♫ ♫
nossa Senhora das dores
e a patroeira Conceição

é Lima lima limão
é lima limão lima
gelo mel e alcatrão
das terras de Salvador ♫ ♫

Um caboclo inspirado
grande mestre e escritor ♫♫
um maestro das palavras
das letras de Salvador

é Lima lima limão
é lima limão e lima
gelo mel e alcatrão
das terras de Salvador

Tirou um conto das estrelas
puxou a lua com um cordão
laçou o cavalo de São Jorge
e do Verbo21 fez as suas orações

é Lima limão e lima
é lima lima limão
das terras de salvador
gelo mel e alcatrão
♫ ♫
Lima é doce como mel
forte como o alcatrão
cristalino como gelo
vitamina de limão

Lima é uma entidade
Lima é uma legião
Oxalá e Omulú
são as suas proteções

é Lima limão e lima
é lima lima limão
das terras de salvador
gelo mel e alcatrão
♫ ♫

domingo, 11 de abril de 2010

A espera

enquanto a primavera
não vinha
assava os sonhos e bolinhos de chuva
com fogo de sua paixão

sábado, 3 de abril de 2010

quarta-feira, 24 de março de 2010

O Ar Achocolatado

Nunca houvera eu de esquecer
o tombo daquele inglês, caindo
de sua cadeira Luís XVI sem braço
entalhada a prata, quebrando o pescoço

batendo as botas. Digo, os chinelos
depois de tomar seu chá da tarde
adoçado por pedaços de Marshmallow

entre bombinhas, bolinhos e biscoitos
amanteigados cacos de porcelanas,
no hotel Berkeley Knightsbridge em Londres.

Nunca houvera eu de esquecer
o velho e bom inglês, Benedtt Robert
com ar achocolatado e pulverizado
pela fumaça de seu cachimbo Oxford!

terça-feira, 23 de março de 2010

Meus Quindins de Ya Ya

: <



: <

Deus mais fascinado
como de costume
extraiu do melhor bocado
do macho
um ser encantado
um bicho mágico

todo mês renova-se
e sangra
pinta e afia as unhas
trás na manga escondido
o segredo final, mortal!

o beijo dado no escolhido
faz qualquer um
seu escravo preterido

rebola chora e cheira doce
usa as armas mais mortais
de sedução!
Tarsila, Myriad, Femme.com
Cecita, Accordes
Egeo Wooman, egeo Dolce

esse bicho leva todo meu dindin
nas asas da pensão

fico liso leso e louco

mas, ai de mim
meus quindins de ya ya
se vocês não existissem !!

Balada do Insetos Ao Luar

. . .


. .
Balada dos Insetos

<.

Insetos banham-se ao luar
enquanto percevejos perversos
dançam a milonga no carrapicho
percevejos percebem sangue
na vulva de uma cabrita ninfeta.

A sugação sanguinolenta deliciosa é feita
sob a luz de lamparinas vagaluminosas
ao som de grilos dolentes em sua musiqueta
trêmula mal respira debate-se num gozo de dor a ninfeta.

Ao luar saciados dormem micros vampiros milongueiros.

Edy'mais

<:

no dia que ele subir aos céus
o inferno ganhará uma filial
porém com uma diferença;

lá não haverá mulher com frio
gente com meias verdades
sonetos ruins e cerveja quente!

O Chupim

Enquanto o cadáver
político de Arruda apodrece
seu coração de rapina
recebe um cateter

sábado, 27 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Fantasia

a roupa da noite
já me cabe

visto
da sombra,
camisa
e calça

meia lua
meu chapéu

duas nuvens
de sapato

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A Oferenda

Ele
na partida
carrega nos olhos a morada
não pôde ser árvore,
foi ser navio

A casa
que já coagulava,
amarga a dor da solidão
no breu.

Netuno,
deus das tempestades
bradou nas ondas do mar:

- vem escravo de baco!
Oceano,
o pai de todos os seres
te espera


Oceano,
de lança em punho,
filho do Urano
agradece aos outros deuses
o sacrifício posto
sobre o fogo de seu altar

Ele
num dia sem orvalho,
do pó
mistura-se ao sal do mar.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Destino

Na infância
colecionei nuvens
para empina-las ao vento

Aos 50
ando pelas tabelas
empilhado de sonhos

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

F A T A L

no céu da boca

louca
para envenenar

teu beijo de aranha
pica

e lança a teia

Quarta-Feira de Cinzas

" É de fazer chorar
quando o dia amanhece
e obriga
o frevo acabar
oh Quarta-feira ingrata
chega tão depressa
só pra contrariar" (....) Luiz Bandeira

.

.

ao pôr do sol
ainda com carnaval nos olhos
vou vomitando minhas lembranças

dependuro minha fantasia
na encruzilhada
despacho meus fantasmas

sob o céu azul
ficam pedaços de mim
em azulejos

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

De Perder a Cabeça

como a lua
ela cada vez aparece
com uma face diferente

e eu
feito prego enferrujado...

nem Santo Antonio com um gancho
me tira de sua janela!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Respondendo a Neruda II

O que diz a velha cinza
quando caminha junto ao fogo?


È de sua juventude
que aqueço minhas memórias


Por que choram tanto as nuvens
e cada vez são mais alegres?


Por voarem abaixo do feliz
azul do céu


Onde encontrar um sino
que soe dentro dos teus sonhos?


Na torre
da esperança


Quando o preso pensa na luz
é a mesma que te ilumina?


A luz da liberdade
é a mesma para todos


Por que o chapéu da noite
voa com tantos furos


Os astros e estrelas
não deixam que ela fique sem luz


Porque é tão dura a doçura
do coração da cereja?


Para que não seja destruída
sua semente


Por que detesto as cidades
que cheiram a mulher e urina?


Pelo arrependimento
do passado


Onde está o menino que fui
segue dentro de mim ou se foi?


Há sempre na memória
o perfume da infância


Por que vou rondando sem rodas
e voando sem asas nem plumas?


O trasporte
são teus sonhos


Que aprendeu a árvore da terra
para conversar com o céu/


Que homens são mais perigosos
que cupins

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Respondendo a Neruda

Por que os imensos aviões
não passeiam com seus filhos?


Por viverem
ocupadíssimos com o vento.

Qual o pássaro amarelo
que enche o ninho de limões?


A pipa de jacaré,
nas férias

Por que não ensinam a tirar
mel do sol aos helicópteros?


os helicópteros
resfriariam o sol

Onde deixou a lua cheia
seu noturno saco de farinha?


Na esquina
de uma sexta feira

Se matei e não me dei conta
a quem perguntar a hora?


A uma sen'hora
marcada para matar

De onde tira tantas folhas
a primavera da frança?


Do livro da natureza
da Revolução Francesa

Onde pode viver um cego
a quem persegue as abelhas?


No eco das cavernas
dos morcegos

Se terminar o amarelo
com que faremos o pão?


Com o fermento
da esperança

Quantas igrejas tem o céu?

1% das trilhões
que habitam o inferno

Por que se suicidam as folhas
quando se sentem amarelas?


Para não morrerem
podres

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

As Cores do Silencio


"Não haverá borboletas se a vida não passar
por longas e silenciosas metamorfoses. Rubem Alves

"
.





Que vivam sempre em mim

as borboletas
que revoluteam
nos campos abertos
e que no rufar das asas
deslizem surfando no ar
misturando as cores na brisa

Que vivam sempre em mim

as borboletas
que ao som dos movimentos
dancem a musica das cores
mastigando as horas
passadas nos perfumes das flores

Que vivam sempre em mim
as cores do silêncio dessa metamorfose

domingo, 24 de janeiro de 2010

Veneno Implacável

a inveja é a última tinta
do tumor nas vísceras enraizadas
da aldeia

não há safra num solo doente
onde se plantou a semente
todos os dias no pão a inveja é recheio
e miolo

para o fogo da pedra do altar
as labaredas de mil bestas famintas
levam de mãos dadas

a inveja deixa os homens sem iluminação
para o caminho

com a alma insegura feito luz de velas ao vento
a subida fica espinhosa
não há paz de penhasco
feras e serpentes tocaiam
no vento dos seus calcanhares...